sábado, 5 de setembro de 2015

GRANDE PERDA, MORRE JOEL RUFINO DOS SANTOS


 

Morre no Rio, o historiador Joel Rufino dos Santos 

 Especialista em cultura afro-brasileira, o historiador e escritor Joel Rufino dos Santos, morreu nesta sexta-feira, 4, aos 73 anos, na Clínica de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro, em decorrência de complicações de uma cirurgia cardíaca a que havia sido submetido recentemente, para a correção de uma válvula do coração.

Uma das maiores referências na área da cultura afro-brasileira, o carioca de Cascadura, subúrbio da zona norte, formado em História pela antiga Faculdade de Filosofia do Brasil, atual UFRJ, mantinha um gosto especial pelos livros desde a tenra idade. Colunista da Revista  Caros Amigos entre os anos de 2010 e 2012, mantinha a coluna Amigos de Papel, onde retratava sua interação com o mundo dos livros.

Para o diretor geral da Caros Amigos, Wagner Nabuco de Araújo, a perda do historiador é irreparável. “Ter o Joel como colunista da revista foi um privilégio. Além de ter uma erudição e firmeza em seus princípios, era uma pessoa extremamente afável”, ressalta.

Wagner recorda que Joel Rufino foi o orientador pedagógico da coleção Negros, lançada pela editora, em 2008. “Ele deu a linha. Uma visão (contra hegemônica) que mostrou que os negros construíram o Brasil.” O diretor lembra ainda que Joel deixou de publicar sua coluna mensal na revista em função de problemas de saúde.

Recentemente ele evitou o linchamento de um homem, em Copacabana, que estava sendo espancado por várias pessoas sob o olhar de um policial armado que nada fazia para salvar a vítima. “Mesmo doente, ele partiu pra cima da turba, e evitou a morte (do rapaz)”, enfatiza vibrando.

Joel Rufino brilhou em tudo que fez. Ao longo da carreira acadêmica, escreveu mais de 50 livros. Só de prêmios Jabuti, o óscar da literatura, recebeu três. Mas não se limitou só a publicar análises sobre a cultura africana, o historiador também se dedicou a textos de dramaturgia. Deixou um legado de três peças teatrais e duas minisséries para a TV.

Nos anos 1960, atuou ao lado de Nelson Werneck Sodré na elaboração da obra História Nova do Brasil, um marco na historiografia brasileira. Entrou na mira dos militares e teve de se exilar. Viveu no Chile e na Bolívia. De volta ao Brasil, integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de combate à ditadura. Joel foi  preso três vezes pelos militares.
Companheiro Joel Rufino, Presente!

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