domingo, 5 de abril de 2015

O IBGE E OS SEM-TERRA

O IBGE publicou sua Síntese de Indicadores Sociais de 2014. Há pouca variação nos trágicos percentuais dessa estatística da miséria e exclusão no Brasil. Fica-se logo sabendo, por exemplo, que cerca de 23,9% das famílias no país sobrevivem com renda per capita mensal de apenas meio salário mínimo e que, no Maranhão, terra do coronel Sarney, este percentual chega a  60,3%.
Fato ainda mais insólito quando se sabe que o valor do salário mínimo é ainda aviltante e irrisório.
O documento do IBGE também revela uma preconceituosa estratificação por raça na distribuição salarial entre brasileiros de baixa renda. Para os chamados pardos - ai já começa a sacanagem porque parda é cor de bicho- e para os negros, a média de seus respectivos vencimentos mensais é de 2,2 à 2,5  salários mínimos; para os brancos , a média é de 5,6 salários mínimos. A concentração da renda, por sua vez, manteve seus históricos e humilhantes níveis: 10% dos mais ricos detém 40% do total da renda nacional, concentração superior a de pequenos países, como Costa Rica, Peru e Uruguai.
Essa excessiva concentração da renda nacional é provavelmente o  fator mais inibidor do desenvolvimento do país. E, nessa linha, é certo haver uma relação direta entre concentração de renda e concentração da terra. O latifúndio improdutivo, de ranço medieval, conseguiu sobreviver à vertiginosa modernização (?) da economia brasileira. A propósito, 1% dos proprietário rurais possuem  59,6% do total das terras.
 Não há registro contemporâneo de país desenvolvido que não tenha previamente reformado suas antigas estruturas fundiárias baseadas nas grandes propriedades. A reforma agrária - estou falando de reforma, não de revolução- além de sua urgência moral face aos elevados níveis de pobreza rural, constitui-se em condição imprescindível para efetivo e sustentável crescimento econômico - nem falo em desenvolvimento-; em qualquer que seja, aliás, o regime político.
E não se faz reforma agrária sem essas legiões de peregrinos pela terra e historicamente presentes nos iníquos percentuais do IBGE. São, afinal a reprodução genético-social dos humilhados e oprimidos de todas as épocas. Sem eles faz-se negócio agrário, mas jamais Reforma Agrária.
Após todas essas constatações não entendo e não compreendo porque as elites pretendem golpear Dilma já que continuam sendo beneficiadas. Querem mais o quê? Querem voltar aos tempos da escravidão, do feudalismo?
NÃO PASSAM DE GRANDES CANALHAS ESSES GOLPISTAS DE PLANTÃO.  Pra eles defendo o PAREDÓN. Falei e digo!

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