segunda-feira, 18 de março de 2013

OS GRANDES SOFISMAS


                   O “MENOS ESTADO” (I)

Essa é uma afirmação, uma frase muito usada pelos neoliberais, acusando alguns governos de abusarem da intervenção do Estado; mas se negam a admitir a presença do Estado, a ação do Estado como instrumento de força a serviço das elites dominantes. O fechamento ou a falta de escolas, o desmonte da saúde e sua baixa qualidade de assistência, os péssimos atendimentos dos hospitais conveniados do SUS, a falta de médicos e dentistas na grande e esmagadora maioria das cidades brasileiras para atender as populações carentes, bem como a mercantilização da medicina e a falta de moradia, tudo isso é um aspecto da regressão cidadã e de soberania a que se procede sob a égide neoliberal  do “ menos Estado”.
Acentua-se o vazio territorial, a desagregação do poder do Estado, as populações ficam entregues a si próprias ou a mercê de outros poderes, tais como ONGs e a organizações da “ sociedade civil” com propostas autogestionárias com a pretensão de substituir o Estado, os governos, mas que na realidade são instituições filo-capitalistas, filantrópicas que querem “humanizar” o capitalismo.
No entanto a fome e a pobreza, onde as ONGs e as Organizações da Sociedade Civil estão presentes, alastram, os Estados endividam-se. Eis o resultado do “Menos Estado”. O neoliberalismo é uma expressão doutrinária na atualidade. O processo não tem nada de original nem de “modernidade”; pelo contrário é uma constante das sociedades desde a criação do que se designou por “Estado” baseado em classes sociais de interesses contraditórios e antagônicos.
Sendo o Estado entregue aos interesses privados e imediatos surgem os germes da crise e da desagregação social. O processo histórico mostra-nos como a desagregação das funções do Estado conduz ao enfraquecimento do espírito coletivo, à decadência civilizacional e à crise. A medida que enfraquece o poder do Estado aumenta a autoridade despótica da dita aristocracia ou dos oligarcas.
As aristocracias de hoje são as financeiras, os grandes conglomerados de bancos,  o seu papel perante as estruturas governativas é idêntico. A sua pratica baseia-se no axioma seguinte: “tudo o que nos é prejudicial, prejudica toda a sociedade”. Assim, fazem dos seus interesses privados os interesses gerais, consideram-se intocáveis e acima das críticas. Aos escribas aos seu serviço compete estabelecer a dogmática, criando ficções teóricas para mascarar a ganância e a usura. Atualmente, a consagração midiática das oligarquias, faz o seu caminho nesse sentido.  Dizia Ignácio Ramonet, acerca da “opinião pública fabricada pelos grandes grupos midiáticos”: “Criticam aos políticos, mas nenhum critica o grande poder financeiro, ninguém critica os verdadeiros donos do planeta”. (continua)

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