terça-feira, 26 de março de 2013

O VALOR GEOESTRATÉGICO DA COLÔMBIA


"Um cozinheiro reúne pássaros, galinhas, gansos, perus e patos. O cozinheiro perguntou: Com  que molho querem ser comidos ? Um pássaro, uma galinha humilde disse, eu não quero ser comida de nenhum modo. O cozinheiro deixou claro que essa não é a questão. "
Metáfora de Eduardo Galeano
Muitos autores  e especialistas internacionais consideram  que a crise  iniciada  em 2008, foi  a "crise dos países desenvolvidos", e que as suas consequências são observadas principalmente nos países mais ricos do mundo, uma crise que começou nos Estados Unidos e que tem um impacto global no campo da alta dos preços das matérias-primas, a valorização dos produtos, a crise alimentar, a inflação global, a crise de crédito, hipotecas e desconfiança dos mercados. Mas a nossa pergunta é:  por que não há crise armamentista? Será que não há crise para continuar financiando guerras internas? A indústria de armas está em crise?

Os bilhões de dólares em gastos militares e da expiação dos lucros da indústria de armas na Europa e nos Estados Unidos, são a prova mais irrefutável  da associação entre o sistema capitalista com os conflitos armados internos e ocupações militares. Um alimenta o outro e ambos formam a pedra fundamental para a existência do sistema que agora controla o mundo.
Segundo o estudo do Instituto de Pesquisa para a Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI), o gasto militar global cresceu 4% em 2008 e atingiu  US$ 1.464 bilhões, 50% a mais do que em 1999, uma cifra que segundo  o organismo Sueco equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial  e a US$ 217 para cada habitante do planeta.


A crise financeira global não impediu o aumento da venda de armas, já que tanto  os países ricos como os  pobres reforçaram  seus arsenais. Aos Estados Unidos, por sua vez correspondeu  um aumento de 58%, como evidenciado pelo grande número de orçamento dos EUA de  $ 730 bilhões para o ano fiscal de 2010, o que o torna um dos cinco maiores vendedores,  além  da Rússia, Alemanha, França e Grã-Bretanha,  países responsáveis ​​por mais de 75% das exportações de armas convencionais, de acordo com dados do SIPRI.

A idéia – induziada pelos EUA- de luta contra o terrorismo tem estimulado  muitos países a ver seus problemas através de um olhar altamente militarista, justificando com este argumento seus  altos gastos  militares, mas desta forma, é claro que são os  consórcios armamentistas juntamente com as petroleiras e  grandes corporações de serviços, os principais beneficiários com as  invasões e ocupações militares no mundo.
 
Os Estados Unidos com seus centros de traçados  estratégicos sabem  que passou  o seu  tempo de  potência  única  global e para confrontar a União Europeia, China e Rússia terão de manter o seu papel de liderança a nível regional, assim como a necessidade de ter a América Latina na sua esfera de influência exclusiva e para isso põe os pés na Colômbia.

América Latina fornece para os EUA  25% das suas necessidades em matéria  de recursos e a Colômbia como um país bioceânico representa o maior ponto de comunicação comercial do mundo, portanto a importância geopolítica tático-estratégica que a Colômbia representa para os Estados Unidos.

No nível tático da indústria militar dos EUA precisa criar bolsões de guerra, para justificar a produção e reposição de armas, a nível estratégico, seu objetivo, conseguir o controle regional, começando com a Colômbia e o Peru, com a idéia de continuar a desenhar um cerco pela Bolívia e Paraguai alcançando   seu objetivo , o controle político, econômico e militar do Brasil.

As Sete Bases Militares dos EUA na Colômbia, são uma ameaça contra o Brasil
Se fizermos uma análise retrospectiva, entendemos que ao médio e longo prazo os Estados Unidos e o Brasil vão ter concorrência econômica na América do Sul, disputando  mercados , indústrias e  produções agropecuárias . É por isso que as bases instaladas na Colômbia focam  suas atenções para o Brasil, como o país mais importante do subcontinente sulamericano.

 A diferença do acordo das bases dos EUA na Colômbia é que não só é a luta contra o tráfico de drogas, mas também contra o terrorismo, e a favor segundo  diz, da paz,  da estabilidade,  da liberdade e  da democracia. E nós sabemos que não houve nenhuma agressão dos Estados Unidos sobre o planeta que não tenha sido feito em nome da paz, ou da estabilidade, ou da liberdade, ou da democracia. O que se vê na Colômbia são sete bases  de apoio aos invasores dos Estados Unidos. Para que quer o Pentágono um C-17, um avião de alta potência militar, porta aviões, etc, senão que para  operar contra outros  países?
Como já foi comprovado na prática (ver o caso recente do Iraque), depois que os  tanques e aviões  americanos transformam em escombros as  infra-estruturas, estradas e edifícios dos  países invadidos militarmente, vem o exército das  corporações transnacionais para obter a fabulosa fatia capitalista da  reconstrução. Portanto, nós acreditamos estar  certos quando dizemos que estas sete bases transformam a Colômbia num peão da estratégia de guerra dos Estados Unidos para o controle regional, agravando os problemas de violência e sofrimento que padece a Colômbia  em matéria de  impunidade e a
violação sistemática e sustentada dos direitos humanos. Com a decisão do Governo Colombiano, os Estados Unidos fecharam seu círculo à sua estratégia hegemônica na América Latina e ameaça a soberania dos povos.

Neste contexto, a América Latina é obrigada a reforçar seus acordos regionais, para prevenir fraturas e turbulência que permitam  a expansão militar dos EUA; por isso devem desenvolver  políticas internacionais  coerentes, daí a importância de aprofundar a ALBA, dar mais visibilidade a  UNASUL e às organizações de defesa regional, é necessário melhorar as suas capacidades de defesa, sem dependência externa.

É  preciso se lembrar(ter memória), os Estados Unidos formaram na escola das Américas e suas academias,  militares americanos com o objetivo  de impor a doutrina de segurança nacional que levou à implementação das mais sangrentas ditaduras que assolaram povos do continente, e que até os dias de hoje mantêm suas conseqüências. Então, sem dúvida, as bases militares são a força de intervenção rápida em qualquer lugar na América Latina, onde há um ressurgimento dos movimentos sociais e representações políticas dos povos  e contrárias aos interesses dos EUA.

Fonte: Latinoamerikara – Ventans abiertas a America Latina

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