quarta-feira, 27 de março de 2013

O BRICS IMPULSIONA A ASCENÇÃO DO SUL




Os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, as principais economias emergentes reunidos nos BRICS, discutiram  terça-feira 26, na cidade Sul-Africana de Durban como aproveitar  seus recursos formidáveis ​​com o objetivo de promover um desenvolvimento mais rápido na África e em outras regiões .

Segundo Helen Clark ex-primeira-ministra da Nova Zelândia (1999 à 2008) e atualmente  gerente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a intenção da cúpula é o de promover reformas políticas globais, aproveitando  suas próprias experiências nacionais e as suas vantagens comparativas, com vista a ajudar a resolver os problemas globais.

Helen Clark diz que encontro é importante e um  sinal de que o mundo que conhecemos está mudando rapidamente.

No topo da agenda dos BRICS está a busca de um compromisso de revitalizar a paralisada Rodada Doha de negociações na Organização Mundial do Comércio e a necessidade de pressionar por regras mais justas para o intercâmbio de produtos agrícolas e outras áreas-chave. O bloco BRICS também irá explorar maneiras de estimular o crescimento e o desenvolvimento, principalmente  na  África através de mais comércio, investimentos, transferência de tecnologia e apoio financeiro.

Os cinco países também discutiram propostas para a criação do seu próprio banco de desenvolvimento, uma iniciativa particularmente ousada.

A disposição  dos países do BRICS para oferecer suas próprias novas iniciativas de desenvolvimento e idéias políticas é um sinal claro de mudança no  cenário mundial, discutido no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, "A Ascensão do Sul: Progresso humano em um mundo diverso" que acaba de ser lançado


Esta mudança drástica na dinâmica global, no entanto, vai muito além dos BRICS. Estima-se que mais de 40 países em desenvolvimento tiveram progressos  extraordinariamente rápidos   no desenvolvimento humano nas últimas décadas, de acordo com o relatório.

Juntos, representam a maioria da população do mundo e uma proporção crescente do comércio e da economia global. O progresso desses países, medido em termos de desenvolvimento humano, aumentou significativamente na última década.
 
Helen Clark enfatiza que essas nações, diversas em cultura, geografia e política, compartilham o mesmo senso de pragmatismo e compromisso com as pessoas, como podemos constatar em seus  investimentos em educação, saúde e protecção social; bem como por  sua participação na economia global.

Não são  economias rígidas, nem partidárias do mercado livre a qualquer custo. Estão guiadas pelo  que funciona para suas próprias  circunstâncias nacionais. Os países do BRICS em si, mas não só eles, são os principais motores  deste crescimento do  sul.

Como documentado pelo Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, estão  contribuindo  para o desenvolvimento em outras partes do Sul através de investimentos, comércio e assistência bilateral.

Os líderes do Sul estão dispostos a  apresentar suas próprias recomendações para uma governança global  mais inclusiva e eficaz no século XXI. Como demonstra a Cúpula do BRICS, as nações do Sul não são estão inativas, à espera que as  reformas na governança global aconteçam  por conta própria.

Estão colocando cada vez mais energia e recursos em novos instrumentos de cooperação política e econômica, incluindo as instituições regionais no Sudeste da Ásia, da África do Sul e da América do Sul, assim como do Golfo, do Caribe e o grupo ECOWAS(Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental).
Eles têm boas razões  para fazê-lo. Uma ação multilateral continua  sendo crucial para problemas que exigem soluções globais. A mudança climática é talvez o exemplo  mais urgente.

No entanto, o sistema de governança global ,projetado em meados do século XX , está cada vez mais  distanciado   das realidades do século XXI.

A China, por exemplo, é a segunda maior economia internacional , e tem reservas cambiais de mais de três bilhões de dólares, mais do que todos os países europeus juntos.

No entanto, conta com  menos votos do que a França e a Grã-Bretanha no Banco Mundial. A África e a  América Latina também têm representação significativa nos fóruns internacionais.

A ascensão do Sul não implica um eclipse do Norte. O desenvolvimento humano não é um jogo, em que alguns ganham e outros perdem.

Todos se  beneficiam  com  um mundo  mais saudável, mais educado, mais próspero e mais estável. Uma parceria Norte-Sul mais equilibrada pode ajudar a atingir esses objetivos.

Uma  maior voz para o Sul também significa mais responsabilidade, uma responsabilidade compartilhada para resolver os problemas e sustentar o progresso.

Helen Clark finaliza dizendo que,  um Sul mais envolvidos e exitoso  beneficiará  o Norte, através do seu dinamismo econômico e de sua cooperação para enfrentar os desafios globais. Como diz o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, o Sul ainda precisa do Norte, mas, cada vez mais, o Norte também precisa do sul.

Fonte: rebelion.org

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